Tuesday, December 7, 2010

Vamos brincar à caridadezinha?



Incomoda-me imenso a hipocrisia das grandes marcas que, sobretudo na altura do Natal, fazem promoções e campanhas em que na compra de um produto estamos a ajudar uma qualquer associação de apoio a pessoas doentes ou carenciadas em Portugal ou no resto do mundo. Não questiono a boa vontade das pessoas que colaboram mas questiono as campanhas em si. Porque é que a Worten, por exemplo, quer que eu arredonde o valor das compras que lá faço para ajudar a associação X? E o Continente, porque é que quer que eu compre o livro da Leopoldina que reverterá (parcialmente ou na totalidade, não sei) para uma associação? Mas desde quando é que consumir é a melhor forma de ajudar? Se estão realmente interessados em ajudar essas associações, por que não fazerem uma doação generosa? Porque é que não usam o dinheiro gasto na formulação da campanha, na publicidade e no material em si, a ajudar? É para apoiar quem precisa ou é para passar a imagem da caridadezinha? Porque é que tenho de ser incomodada a cada compra no Modelo com a minha "falta de vontade" em contribuir para a "Causa maior" de apoio aos seniores (as palavras "velho" ou "idoso" viraram ofensa?)? Se essas empresas querem realmente apoiar alguma causa e divulgá-la, por que não se limitam a fazer doações? Interessa mais a imagem de empresa com consciência social mesmo que depois andemos a explorar milhares de trabalhadores? Que tal fazer a doação e depois fazer uma publicidade do tipo "A empresa B doou ____ euros à associação C. Ajude você também!". É que assim divulgam a associação e fazem publicidade à vossa "consciência social". Não é mais simples e menos hipócrita? Para quê estas campanhas de marketing caríssimas? Será que os senhores Belmiro de Azevedo e Américo Amorim não têm dinheiro suficiente devido aos salários fantásticos que pagam aos seus funcionários?
Quanto a mim, lamento, mas faço questão de não colaborar nessas campanhas. Não arredondo o valor da compra, não comprou livros, CD ou qualquer outro tipo de material, mesmo que o valor reverta na totalidade para uma associação. Só compro produtos que estão inseridos em campanhas quando os ia comprar de qualquer modo. A solidariedade é necessária e importantíssima mas não através de falsos apoios.

1 comment:

  1. E ainda tenho coisas a acrescentar! Já que são tão bons samaritanos, por que é que na maior parte dos casos só desenvolvem este tipo de acções no Natal? E por que é que só revertem parte do valor do produto e não por inteiro? Aí sim, eram grandes senhores. Ajudar os outros significando que ajudam os bolsos deles... Hmmm... Não gosto.

    Beijinho

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